sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

ontemporâneo




Amanhã inaugura ontemporâneo de Tomás Cunha Ferreira.
Uma intervenção para desarrumar a coleção permanente do CIAJG em Guimarães. 
É urgente. É beleza. É amanhã até 12 de junho.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Foi a 10 mil metros de altitude, há 18 anos atrás

A história de Raúl Morais e do mundo, todas as semanas.
Hoje há mais Voz Guia, na Antena 3, às 21.20h. 

 

O mito, a crise e a ideologia

Espero que a acessoria de imprensa do primeiro-ministro tenha colocado na pasta de coisas para o chefe ler este artigo de James Meek na LRB. Robin dos Bosques, austeridade, futuro. É uma boa análise e um belo ponto de interrogação.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Descalço na Catedral

Comecei ontem a escrever n'O Jogo como cronista benfiquista. Domingo a domingo, darei o meu melhor, espero estar à altura.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Dois buracos negros (recapitulando)

Já está no ar o episódio 16 de Voz Guia.



Até agora, o que aconteceu foi mais ou menos isto:

1
Um dia o escritor Raúl Morais acorda cego. Ana, a mulher, e António, o filho, já saíram de casa. Não há ninguém ali para o ajudar. O que é que ele vai fazer? Ligar a alguém? Pedir socorro? Será que consegue, sequer, fazer uma chamada de telemóvel?

2
António leva o pai pelo braço até a sala. Põe as notícias no rádio. É o dia histórico da queda do governo mas Raúl não consegue interessar-se. E, ainda por cima, depois dá música clássica ou, ainda pior, contemporânea. Raúl sente-se a enlouquecer. Se, ao menos, pusessem jazz…

3
Raúl ouve, pela vigésima vez, as notícias dos ataques terroristas de Paris. Ana e António querem levá-lo a dar um passeio. Raúl não tem a certeza, mas o ar da cidade anima-o. Por um momento, a família diverte-se de novo, como dantes. E depois o escritor regressa à vida real.

4
Raúl começa a ouvir o audiolivro “A flor falsa”, de Sam C. Whatson. Não gosta de ficar em casa, sozinho, a seguir ao almoço. O Presidente decide-se finalmente: há governo! Ana guia Raúl até ao quarto.

5
Kobe Bryant, a super-estrela da NBA, anuncia o final da carreira com um poema. Raúl pensa nisto enquanto conversa com Ana, à noite. Esta tenta convencê-lo a continuar a escrever. Entretanto,  secretamente, Raúl faz um pedido ao deus do Olhar.

6
José Guardamontes, editor e amigo, visita Raúl em casa. É a primeira vez que estão juntos desde que o escritor ficou cego. Falam de política internacional e intolerância. Guardamontes desafia o amigo a escrever. Raúl desconfia de ser um plano combinado com Ana.

7
Ana atualiza a biografia de Raúl para a reedição do romance “Carregar nas aspas”. Raúl responde torto. A mulher refere também a notícia de despedimentos no jornal Público. Enquanto isso, António joga um jogo de vídeo com muitos tiros e explosões chamado ADAPT. É isto ser feliz?

8
A caminho de casa dos sogros para passar o Natal, Raúl tem um sonho estranho. Numa Síria feita de restos e ecos, uma mulher misteriosamente grávida foge de bombas que caem do céu. Há  controlos de passaporte, um mendigo sinistro, um Yoda que fala espanhol. É Natal?

9
A família Morais vai para um hotel do Douro, para a passagem de ano. Uma banda toca música de hotel e Ana puxa o marido para a pista. "Strangers In the Night." Raúl pensa demais enquanto dança. Tem um só pedido para o futuro que começa já em 2016.

10
Deitados na cama, sem roupa, a meio do dia, Ana e Raúl falam de várias coisas e também das eleições presidenciais. Ana imita a voz do marido e este irrita-se. Acabam num beijo bastante descarado que faz Raúl querer voltar a escrever.

11
Raúl continua a ouvir o audiolivro “A flor falsa”, de Sam C. Whatson. Sozinho, sentado à secretária, tenta distrair-se com aquela história inglesa, mas é difícil. A morte de David Bowie, os olhos de David Bowie, levam-lhe o pensamento para outros lados.

12
Raúl vai para a cozinha entreter-se com os sons das traseiras. António vem ter com ele. Conversam sobre as presidenciais (o candidato da televisão?) e a área de estudos de António (ciências ou cinema?). Raúl é contra a televisão e a favor da imaginação.

13
Ana e Raúl vão à Piscina Olímpica de Chelas assistir à prova de 50 metros livres de António. Falam de hipóteses de férias de verão. Na cabeça do escritor confunde-se a piscina, o Mediterrâneo cheio de refugiados em perigo e uma cena de um filme antigo de Nanni Moretti.

14
António ensina o pai a funcionar com o novo gravador digital. Raúl diz-lhe para não contar nada à mãe. Imagina um homem como ele mas capaz de ver, num mundo tomado de incógnitas e mosquistos. Uma história violenta, com um filho morto e uma vingança. Irá gravá-la?

15
Raúl pensa no silêncio de Ana na noite passada. António conta ao pai informações sobre o carnaval: de onde vem a palavra, que tipos de festas há em diferentes lugares. Raúl percebe que o tipo de silêncio da mulher era de quem está ao telemóvel. "Carnaval" vem de “carne"?

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

DeLillo's the man

"I liked reading books that nearly killed me, books that helped tell me who I was (...)"

 

telex O Que Eu #8 ---- I'd Say More telex #8

Tenho um novo livro de contos, Grosso modo. Histórias que fui escrevendo em conversa com o mundo. Uma edição Cotovia: http://www.livroscotovia.pt/

[I’d say more] I have a new short-story collection, Grosso modo. Stories I’ve been writing in conversation with the world. Published by Cotovia: http://www.livroscotovia.pt/



E, depois de ano e meio de trabalho, Anatomia de Otelo chega aos palcos do país! Uma peça feita com alunos da Escola Luís António Verney (Lisboa), com encenação da Cristina Carvalhal. Mais informação aqui:
http://oqueeugostodebombasdegasolina.blogspot.pt/2016/02/no-teatro-tu-comes-ou-finges-que-estas.html
 
[I’d say more] And, after a year and half’s work, Anatomia de Otelo lands on some national stages! A play with students from Escola Luís António Verney (Lisbon), directed by Cristina Carvalhal. More information here (in Portuguese): 
http://oqueeugostodebombasdegasolina.blogspot.pt/2016/02/no-teatro-tu-comes-ou-finges-que-estas.html



Entretanto, Voz Guia continua a furar as ondas da rádio. A história de um escritor que um dia acorda cego, misturando-se com a História do mundo em tempo real. Quinta-feira, às 21.20h, na Antena 3. E sempre aqui: http://media.rtp.pt/antena3/ouvir_tax/rubricas/

[I’d say more] Meanwhile, Voz Guia keeps duck diving radio waves. A story about a writer who wakes up blind one day, blending with a real-time version of world’s History. Thursday, 9.20pm, on Antena 3. And here at all times: http://media.rtp.pt/antena3/ouvir_tax/rubricas/



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

"No teatro tu comes ou finges que estás a comer?"

Um grupo de alunos da Escola Luís António Verney, entre os 12 e os 18 anos. O desígnio é dar-lhes ferramentas teatrais para a vida; o pretexto é a peça Otelo de William Shakespeare.  
Começámos há um ano e pouco. Primeiro, houve exercícios teatrais para nos conhecermos, para nos darmos a conhecer, para nos tornarmos um grupo. Depois começámos a ler a peça de Shakespeare. Ler, discutir, pensar. O que quer dizer esta palavra, esta fala, esta cena? O que é que isto tem a ver connosco, com cada um de nós? Como é que tornamos isto nosso, e o que podemos trazer para esta história?
Paralelamente, falávamos de muitas outras coisas: escola, discriminação, a vida no tempo de Shakespeare, violência, feminismo, dança, desporto, televisão, canções, etc. 
A dada altura, percebemos que, para este grupo, o texto tornava-se mais claro no espaço, em cena, cruzando-se com os diferentes jogos teatrais que a Cristina Carvalhal (encenadora) ia propondo. Comecei então a escrever cenas tendo isso presente. Como pegar na grande tragédia do mouro de Veneza e fazê-la ressoar nesta escola do Beato? Como tornar concreta, visível, física, a nossa leitura deste peção clássico? Como juntar às lições do texto de Shakespeare o vocabulário teatral que o grupo vai aprendendo e que, assim se espera, lhe poderá servir também para a vida fora de cena? Coisas tão simples e tão difíceis como manter a concentração, memorizar falas, guardar silêncio, falar em público, trabalhar em equipa, estar inteiro dentro do próprio corpo, ouvir os outros, pensar-fazer, isto é, pensar com o gesto e fazer com sentido. 
Num dos primeiros ensaios estávamos a falar sobre teatro, e um dos jovens atores perguntou, “No teatro tu comes ou finges que estás a comer?” Acho que todo o trabalho que temos feito desde esse começozinho até agora tem sido para responder a essa pergunta tramada. Ir percebendo que só com muito esforço e muita imaginação é que conseguimos fazer as coisas como que pela primeira vez. Aprender a olhar o mundo como uma estreia todos os dias.
Agora andamos já na fase de ensaiar a nossa peça louca — uma espécie de Otelo desmantelado pela alegria do começo de tudo — falhando uma vez, e outra, como profissionais, quase. Há momentos em que o trabalho corre mal e parece que nada vai funcionar. Mas depois vemos aquele ator, para quem é difícil tirar as mãos dos bolsos ou desencostar-se das paredes, ficar sozinho em cena a olhar o público nos olhos e dizer, “Agora fechem os outros olhos que temos por dentro dos olhos fechados”, e acreditamos de novo. Que sim, que é possível aprender a-primeira-vez-de-cada-gesto-cada-palavra, que é possível o teatro, que é possível mesmo na vida, que, nos entretantos desta aventura muito antiga, vamos chegar um pouco mais perto daquilo que somos.
 

(texto escrito em novembro sobre o processo de 'Anatomia de Otelo')

"Se tu fosses o Otelo, assim mais ou menos, como seriiiiiiiiiiiiiias?"


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Não que eu defenda uma Europa paternalista

Ainda para mais, quando a casa está a arder e os adultos precisam de tomar decisões graves e urgentes.


[I'd say more]
Not that I'm for a paternalistic Europe. 
But, if Cameron's UK behaves as a spoiled child, the Union must learn how to say no
More so, when the house is on fire and grown-ups have to take serious, urgent decisions.