sexta-feira, 24 de abril de 2015

Canção de intervenção

Isto é uma canção
de intervenção, São, São
Salgueiro Maia nos lance
uma bênção que avance

por nós dentro e por nós fora
revolução na Europa
contra o estilo “pragmático”
deste poder tecnocrático
(tico, tico, tico, tico)

Há quem fale de uma revisão
da lusa Constituição, são, são
questões a pensar
mas era bom começar
por uma outra ideia
uma constituição europeia que pusesse os cidadãos à frente dos diretórios
(sei que não rima mas é o que falta)

Falta-nos abrir abril
levá-lo a Bruxelas, Chelas
cravos pra desencravar
o nosso livre viver

ser “inicial” e “limpo”
como escreveu Sophia
é pão para cada dia
não croquete de efeméride
pra morfar junto à lápide
da Virgem Democracia
(Ia, ia, e já não vai?)
Em que pé estamos, ai

Isto é uma canção
de intervenção, são, são
os ouvidos que fazem as canções
(e é em nós que começam as revoluções)




(dá para ouvir aqui)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

A universidade da vida

"Pensou: Dormem como dois cadáveres que respiram (...)" — Diário da Guerra aos Porcos, Adolfo Bioy Casares

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Separar o trigo do tweet

Abre os olhos e a cabeça, temos de parar
reparar bem no palavreado das notícias, tê-vês, rádios, jornais, redes sociais e o que mais, o que se diz e não se diz, temos de parar, pra reparar, pra separar bem o trigo do tweet

comunicação (agências de), manipulação, desinformação, o-o-o-pressão
a propaganda é uma ganda (aí vai palavrão) menorização do cidadão

Sim, estamos com a Grécia contra a austeridade
mas não calamos, não calamos a verdade: fazer olhinhos à Rússia de Putin é inadmissível, injustificável
E por cá o que é que há? Há que a patética cosmética de números do governo tem de ser desmontada

E, já agora, um tudo-nada, por favor: o senhor é comentador ou é porta-voz?

Traduzido para bom português, o tweet, o soundbyte, pariram um rato Mickey (perdido, deprimido, embrutecido)

As mil questões
desta questão
não cabem na cabeça
não cabem na canção
crónica supersónica aqui

Abre os olhos e a cabeça, temos de parar
reparar bem no palavreado das notícias, tê-vês, rádios, jornais, redes sociais e o que mais, o que se diz e não se diz, temos de parar, pra reparar, pra separar bem o trigo do tweet

comunicação (agências de), manipulação, desinformação, o-o-o-pressão
a propaganda é uma ganda (aí vai palavrão) menorização do cidadão

Larga o medo e solta a voz, temos de exigir
um jornalismo exigente (temos de exigir), competente, transparente, independente dos interesses, esses que andam por aí a plantar notícias em vez de plantar batatas

E já agora, por favor, caro senhor: quem é que lhe soprou essa informação?
e é um dado comprovado ou só uma impressão?

As mil questões
desta questão
não cabem na cabeça
não cabem na canção
crónica supersónica aqui

Mas o facto é de outra ordem, das alegrias, o facto exato é que o passou-bem de Barack e Raúl é bonito todos os dias



(dá para ouvir aqui)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Jornal Local: ressurreição

Para lá, acima, dos telhados da Rua da Oliveira ao Carmo, a palmeira morreu. Jornal Local regista o facto triste — e, o quê?, mal acredita no que tem à frente dos olhos. No cocuruto da velha palmeira nasce uma palmeirinha nova, toda verdinha, verdejante, verdíssima, verídica. Ressurreição!

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Onde é que está a alternativa?

Debaixo do céu da primavera
o país está triste e confuso
porque não vê futuro

É sinal do final de uma era
um medo assim meio difuso
ou algo mais obscuro?

Depois de quatro anos perdidos
ainda faltam ideias para uma máquina do tempo
que nos devolva o amanhã?

Sob este sol, nada se esclarece
onde é que está a alternativa?
queremos vê-la já

O futuro não se compadece
com esta tática defensiva
é hoje o amanhã

Depois de quatro anos perdidos
ainda faltam ideias para uma máquina do tempo
que nos devolva o amanhã?




(dá para ouvir aqui)

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Reportagem 14



"Esse 'escrever' entendo-o agora também, creio. É 'possuir', é reter as coisas por palavras e por imagens e assim possuí-las." (Etty Hillesum)

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Mora na ideologia

Em Espanha
o Podemos diz:
vá, deixemos
a ideologia
e olhemos as pessoas e o país

Assim ganha
nas várias projeções
pode o Podemos
mas a vitória é fria
quem não vê ideias não vê corações

Também por cá
o sistema
é um problema
mas não há
soluções sem ideias,
há facilitismos
e populismos
slogans estafados
mais ou menos reciclados

Vem o rosto
do Podemos dizer
que, com ideias,
princípios, símbolos, bandeiras,
a mudança não vai acontecer

Querem algo novo
mas propõem: soberania
e direitos humanos
querem ser antissistema
mas prolongam-no sem ideologia


(dá para ouvir aqui)