sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O IRS, pois

Como é que uma boa ideia
Se torna uma coisa feia?
No IRS basta olhar
Para o quociente familiar
Pois

Cortar nas prestações sociais
Para aos casais com filhos dar mais
Ajuda que natalidade?
Aumenta mas é a desigualdade
Pois

Quando nos perguntarem se queremos ser
Taxados pela lei de 2014 ou de 2015
Acho que devemos responder em coro
Que o que queremos é regressar ao futuro

Quanto à devolução da sobretaxa
Caro ouvinte, o que é que acha?
Ou estou muito enganado
Ou é para esperar sentado
Pois

Sem dinheiro, não se gasta ou investe
Com austeridade, a economia não cresce
Sem esperança, há depressão
Sem horizonte, resta a emigração
Não


(dá para ouvir aqui)

terça-feira, 28 de outubro de 2014

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Vírgulas para os olhos

Dois vírgula cinco ou
Dois vírgula sete
Não está aí a questão — não

A questão é a austeridade
Matar a possibilidade
De sermos quem somos
Eu, tu, o país

Entre o que se faz e
O que se promete
Cabe um camião — não

Um milhão de camiões repletos
Dos mais tristes decretos
Somos mais do que isto
Como é que se diz

“Futuro” em bom português
Como é que se diz?

Por trás deste orçamento
Que ideia se esconde?
Cortar na educação — são

Uns milhões de desinvestimento
Alto défice de pensamento
Que há que contrariar
Eu, tu, o país

Oh não nos atirem mais
Vírgulas para os olhos
É muito clara a opção — não

Dão ouvidos aos keynesianos
Insistem nos enganos
Mais flores pr’às eleições
Mas o país diz

Futuro em bom português
Não se fará com vocês



(dá para ouvir aqui)






quinta-feira, 23 de outubro de 2014

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Dailies

Por fim, começar. Som, câmara, ação. O cinema como forma de pôr o real em cena. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Degolações/Drones

Degolações barra drones
Drones barra degolações

Reza a lenda que, quando Orfeu foi decapitado, a sua cabeça continuou a cantar
Por cima do mar
É difícil, é tremendo, mas temos de aprender a parar 
E ouvir 
O que nos dizem as pessoas degoladas na Síria, no Iraque
No vídeo no ar

E no entanto os drones deixam muito a desejar 
Eticamente
Democraticamente
Já para não falar, como bem lembra DeBrabander no New York Times, de questões de honra  
E glória 
E da crueldade que vem da desconexão 

E eu pergunto:
Contra a pornografia do horror
A nossa resposta é a morte como jogo de computador? 



(dá para ouvir aqui)

domingo, 12 de outubro de 2014

Aqui e na China

Passos Coelho
Não disse muito
E disse tarde
Mas não é esse o assunto
O problema aqui
Não é de forma
É a Tecnoforma

Como nos diz
Pacheco Pereira
Estas empresas
São uma maneira
De obter negócios
Doutra forma
É a Tecnoforma

(refrão:)
O essencial é o que não se vê
E se fizéssemos uma ONG
Pra nós, só pra nós

A grande coragem
De cada dia
Vos leve até
À democracia
Hong-Kong abre
O guarda-chuva
Contra o manda-chuva

Claro que não
É pra comparar
Mas o que lá
Querem começar
Cá está em
Baixo de forma
É a Tecnoforma

(refrão)

Hão de trazer
Grandes problemas
Esses esquemas
De “um país
E dois sistemas”

É Mary Poppins
E é Jacques Demy
É em Hong-Kong
Mas também será pra ti
Abre já o guarda-chuva
Contra o manda-chuva

(novo refrão:)
O essencial é o que sim se vê
Vais ver que vem aí o dia D
Democracia
Cá e na China



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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Faduncho para António Costa

Meu caro António Costa
Muitas felicitações
Nem sempre é fácil o óbvio
Ganhaste as pré-eleições

Agora ai não te iludas
Nem tudo é tão seguro
Para ganhar amanhã
Falta inventar um futuro

Sim, falar de crescimento
É bonito e necessário
Mas sem outro pensamento
É um bocado primário

(Como diz o Mautner,
Falta pôr poesia
Na democracia)

Gosto de ouvir o que dizes
Do tratado orçamental
Falta saber como fazes
Outra Europa em Portugal

É bom não perder o pé
Na fatal contab'lidade
Mas falta um ar que dê
Pra respirar de verdade

São abstratos os números
Cinzentos, sem coração
Falta a palavra concreta
Que projete uma visão

(Falta abrir caminho
Não terceira via
Pra nova utopia)

Contra a austeridade
Temos de semear ventos
Agora assim me despeço
C'os melhores cumprimentos 


(dá para ouvir aqui)

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Uma tragédia luso-americana

Em primeiro lugar, um nome, uma pessoa: Maria Fernandes.
Um nome, um lugar: Newark.

Mas depois também uma história que nos deve fazer pensar duas vezes quando subir de tom a conversa sobre o "estatismo", o "rigidismo", a "inflexibilidade" e a "viabilidade" do modelo social europeu.