quinta-feira, 29 de maio de 2014

Toda a diferença

A tática de Seguro na luta pela liderança do PS assemelha-se à daquelas equipas aflitas que defendem o zero com um autocarro. No máximo consegue um nulo, o mais triste dos resultados. Pois, nem vale muito a pena falar disso.
Sobre Costa, já escrevi isto e isto e isto. Não acredito em Sebastiões desnublados, mas sei que uma pessoa pode fazer toda a diferença. E, no entanto, hoje é preciso ainda mais. Uma nova voz para o país e uma nova visão para a Europa. De António Costa, espera-se que fale claro e para todos, que junte as esquerdas e todos os que sonham com uma mudança real. Uma palavra que inspire sem perder os pontos dos ii, uma esperança que tenha pés para andar. Vamos a isso?

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Primeiras leituras

É uma boa notícia o aparecimento do Observador. O nome, aliás, engana e ainda bem. Este novo jornal não se limita a "observar". Tem um ponto de vista claro — de direita — e não tem medo de dizer ao que vem. Bem pensado para a net, com uma ótima newsletter (escutando o mundo e outras vozes sem abdicar do seu ângulo próprio), com um desenho simples, sem demasiado ruído, e sabendo fazer perguntas importantes e difíceis. (Ainda não tropecei em nenhuma reportagem brilhante e a escolha das "primeiras páginas" tem sido, parece-me, algo desfocada, mas o jornal está a começar, é natural que falte afinar alguma coisa.)
O jornalismo de agora tem de afirmar uma diferença, uma outra visão do mundo. Não pode ser o mero repositório do que temos a todo tempo, em tempo real, na www.
De maneira que a minha pergunta é: quando é que começamos um jornal assim, do lado esquerdo dos dias? Podia chamar-se, por exemplo, Cantor. Porque um jornal não é só sobre o que se passou ontem, não é só para marcar a agenda de hoje, é também, sim, para cantar os amanhãs.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Mais

No Económico, Seixas da Costa diz que é o excesso de ambição que prejudica a Europa. Penso exatamente o contrário: o problema é o défice de ambição. A Europa só fará justiça a si própria se souber ser mais do que uma moeda e um mercado. Para isso, tem de ser mais democrática, mais política, mais solidária, mais cultural, mais próxima, mais. 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Depois de um dia na loja do cidadão,

não há nada como um Stephen Malkmus & The Jicks.

Europa: mais política, mais democracia

O PPE de Juncker vacilou mas ganhou.
Más notícias para quem quer uma Europa mais solidária e mais democrática.
Por cá, o país parece trancado na confusão e no desespero. A coligação Passos/Portas perde, mas à esquerda está tudo por fazer.
Poderá o PS mudar de líder, discurso, visão? 
Ouvirá o BE este novo aviso do eleitorado?
Será o LIVRE capaz de se tornar no tal partido 'no meio da esquerda'?

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O que o meu pai escrevia há dezasseis anos

"Um mercado único, coroado por uma moeda única, mas carente de suficiente 'união' ou solidariedade política, por um lado, e sem o respaldo jurídico e moral de uma sociedade civil europeia, por outro, constituiria um duplo risco. De facto, se é no plano político e institucional que se pode gerar o poder capaz de suprir as falhas do mercado, é no plano da 'sociedade civil' que se pode gerar a autoridade suposta pela ética de uma ordem liberal consensualizável. (...) Sem um maior sentimento comunitário, uma disposição cultural e moral partilhada, suficientes garantias de direitos iguais e a noção, ainda que só minimamente concretizada, da responsabilidade de um por todos e de todos por um, o mercado e a moeda seriam, ao mesmo tempo, demasiado abstractos, manipuláveis e alienatórios." (Amsterdão: do Mercado à Sociedade Europeia?, de Francisco Lucas Pires)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Dia 25 de maio, voto Livre

Porque é o único partido de esquerda que, recusando sem meias palavras a austeridade e o tratado orçamental, quer ajudar a construir uma verdadeira democracia europeia — "por um governo da União numa democracia parlamentar europeia".

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Lágrimas de ferro

Angela Merkel a chorar na sala de crise do euro, com Obama de um lado e Sarkozy do outro. A chanceler de ferro com água nos olhos a dizer, “Não é justo.” E depois a lembrar aos presidentes dos EUA e da França que a “culpa” da constituição alemã é, em grande parte, dos aliados. 
No Financial Times, Peter Spiegel dá-nos a ver o subtexto da política da União Europeia sob a forma de melodrama familiar. São revelações surpreendentes, e um texto muito bem sacado (ainda vou na parte 1), mas o que se conta não é nada bom de ver.
Porque vem confirmar que esta Europa da austeridade, das troikas e do “conto moral” que põe as “formigas” do centro europeu contra as “cigarras” da periferia não é movida por qualquer visão de futuro, é apenas uma reação de fraqueza e pânico. Uma insegurança de ferro que tem por base o velho complexo de culpa germânico.
Muito boa gente ainda não percebeu, mas neste momento a luta é entre o sonho europeu e o trauma alemão.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Atingir o mundo

“A verdadeira tragédia de todo o poeta talvez consista em só atingir o mundo metaforicamente.” (Pier Paolo Pasolini)

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Dia do trabalhador

“Meu forte não é a humildade em viver. Mas ao escrever sou fatalmente humilde. Embora com limites. Pois do dia em que eu perder dentro de mim a minha própria importância — tudo estará perdido.” (Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector)