terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Contracena

Acabo de ler a tese que Marta Cunha escreveu sobre o meu teatro. É uma grande honra ver o meu trabalho assim sob a luz das ideias. E é também um sobressalto e uma grande ajuda. Ainda mais quando o espaço crítico nos meios de comunicação regride à vista desarmada. A tese, Uma coreografia da palavra: a relação entre texto e cena na dramaturgia de Jacinto Lucas Pires, percorre diferentes fases (!) da minha escrita de teatro, tendo como eixos as peças Figurantes e Silenciador. Algumas coisas eu já sabia ou pressentia, mas outras foram mesmo novidade — ou antes, como nos momentos maiores de uma história bem contada, surpresas com sentido. Por exemplo, a ideia de que a última "ondulação" da minha escrita (a partir de Octávio no mundo até agora?) se carateriza por enredos mais estruturados, maior "interferência no real" (o "mundo" do título dessa pecinha que escrevi para os PANOS da Culturgest) e por uma presença recorrente da família (escrever com três crianças à volta talvez tenha alguma coisa a ver com isto). Os meus agradecimentos públicos à Marta Cunha que atravessou os meus loucos textos sem enlouquecer, à Alexandra Moreira da Silva que orientou este trabalho rigoroso e claro e, já agora, à Faculdade de Letras da Universidade do Porto. A conversa sobre a necessária ligação entre a academia e a vida real também passa por aqui. Agora é esquecer tudo e voltar aos meus fantasmas de carne e osso. O quê, "vida real", terei ouvido bem? Isso só existe no teatro, não é?

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