quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Eudora

The Paris Review: Are there problems with ending a story?

Eudora Welty: Not so far
 
 
(The Paris Review — Eudora Welty, The Art of Fiction No. 47 — Interviewed by Linda Kueh)
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Sobre uma fotografia de Arthur Leipzig

Então é isto o mundo? Como é possível? Não é nada, quase, e nada é mais quase belo. Não aguento mais ser só Deus só. Deus desço. Serei filho de mulher, um miúdo como outro qualquer, a riscar o chão, um homem no mundo, ou nada.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Um poema de Manuel António Pina



FAREWELL HAPPY FIELDS

                    I


Entre a minha vida e a minha morte mete-se subitamente
A Atlética Funerária, Armadores, Casa Fundada em 1888.
A esse sítio acorrem então, aflitíssimos, o teu vago sorriso
e a vaga maneira como dizes os esses;
vêm de muito longe e chegam incompletamente
ao pequeno vulnerável sítio entre
toda a minha vida e toda a minha morte,
quando a minha última recordação atirou já com a porta
e tudo está acabado até a tua respiração
na cama ao meu lado,
e também tu estás morta, 
duma forma que já não me importa.

Vamos então os dois outra vez
ao longo de certas ruas sombrias e de certos dias
e sorris e falas alto; está calor mas tens as mãos frias,
compramos coisas, visitamos
talvez algum último amigo
sem sabermos que eu já não estou vivo.

Poderia ter sido de outro modo?
Poderiam ter sido outras duas pessoas
vivendo a minha e a tua vida, morrendo a minha e a tua morte?
(Mesmo o armador, poderia ter sido outro?)
Aparentemente foi por pouco;
se fosse um pouco mais tarde ou um pouco mais cedo,
se eu não tivesse chegado a casa cansado,
se a louça não estivesse por lavar
e a janela da sala de jantar
não estivesse fechada, se o mundo não tivesse acabado,
nem tu tivesses ido ao supermercado,
e se eu não estivesse cheio de medo.

Agora estou voltado para cima,
para onde cantas ainda há muito tempo.
Se calhar isto (alguma coisa) vai demorar mas já não me impaciento.
Voltamos, tu e eu, ao mesmo jardim desflorido
onde eu morro sozinho
e conversamos comigo
como com um desconhecido.
Que diremos agora um ao outro?

É tarde. Ainda há um momento
me apetecia conversar, agora estou outra vez tão cansado!
Reparaste como o Outono este ano veio por outro lado,
como se fosse pelo lado de dentro?





(Do livro "Farewell Happy Fields", na coletânea "Poesia Reunida", de Manuel António Pina, ed. Assírio & Alvim)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Estado Neo







Quando um tom Estado Novo encontra o dogma neoliberal e tudo se embrulha num estilo que, se o assunto não fosse demasiado sério, poderíamos confundir com publicidade gato-fedorêntica, isso é: Estado Neo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A arte em Portugal: interrogação, reticências, exclamação

A Cornucópia não sabe que teatro poderá fazer depois de dezembro, a Cinemateca não tem dinheiro para as legendas. Como é possível? Ao que isto chegou... Chega!

terça-feira, 9 de outubro de 2012

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Chumbo


Os jornais desportivos são demasiado meigos. No exame de ontem, a equipa do Benfica arrancou um humilhante chumbo. Mas, sim, a culpa não é dos jogadores. Do suplente Aimar ao titular Jardel, todos deram o máximo. Quem chumbou na Luz foram Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus, que claramente não estão à altura dos cargos que ocupam. Força, Benfica!